Humanidade: vírus

Diálogos breves e doloridos

– A mãe da Angela me contou que ela fugiu ontem. Levou os 4 filhos. Deixou uma carta.

– Por quê ela fez isso?  minha nossa….

– Dizia na carta que tinha certeza que a mãe jamais a perdoou. E que estava indo embora pra tentar ser feliz longe daqui.

– E é? Por que as pessoas estão sempre buscando a felicidade em outro lugar?

– Se ela foi para o garimpo, vai arrumar é uma malária!

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– E o que é felicidade para você?

– E estar bem, tranquilo, sem grandes problemas. E pra você?

– Felicidade pra mim é ter um emprego. Se a pessoa tem emprego, ela está feliz.

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– Mas eu conheço gente que estava muito infeliz no emprego e pediu demissão.

– Mas esse aí com certeza tinha alguém que lhe desse um prato de comida.

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Estupidez = longevidade

Ironias “no ponto” sobre a ligação entre longevidade e inteligência foram publicadas pelo prof. Marcelo Gleiser, em sua coluna deste domingo, na Folha de S Paulo. Em uma análise sobre o futuro do planeta, ele compara dinossauros e homens:

[…]os dinossauros surgiram há 250 milhões de anos e sumiram há 50 milhões, viveram por mais ou menos 200 milhões anos. Nada mau, comparado ao nosso 1 milhão.

Se os dinossauros sobreviveram por tanto tempo, podemos supor duas coisas: ou eram muito mais inteligentes do que imaginamos ou inteligência não é necessariamente o caminho da seleção natural. […] Análises dos fósseis de dinossauros demonstram que não eram particularmente inteligentes. Suas caixas cranianas eram pequenas comparadas ao seu tamanho, e não há evidência de córtex frontal avantajado. Também não são encontrados artefatos junto aos ossos petrificados.

Se estamos aqui há menos de um milhão de anos, temos um grande desafio pela frente. Dado o que já fizemos com o nosso planeta, não é óbvio que iremos sobreviver por tanto tempo quanto os dinossauros. Se a inteligência leva ao domínio sobre as outras espécies e a um maior controle sobre as flutuações climáticas, ela cria novas ameaças. Talvez o segredo da longevidade dos dinossauros seja justamente a sua estupidez.

Pertinente demais a hipótese. É só olhar pro mundo.

Impossível não fazer alguma relação do pensamento de Gleiser com as idéias de Antoine, personagem principal do romance “Como me tornei estúpido”, de Martin Page. O cara, que era um intelectual, decidiu tornar-se um abestadalhado para ser aceito pela sociedade e, assim, viver melhor. Obviamente, uma super-crítica à vida urbana tomada por superficialidade e modinhas de todo tipo.

Será que uma vida de lagarto é melhor?